Hoje fui chamado de incompetente pela sócia do escritório. Assim, com todas as letras. Com ameaça expressa de ir pra rua. E o pior é que ela está coberta de razão.
Tenho trabalhado 11, 12 horas por dia. Almoço normalmente uma sopa pronta no escritório. Não acesso e-mail pessoal, não passo o dia na internet - apenas 10 ou 15 minutos vendo os últimos julgamentos e leis novas que saíram.
O máximo que me permito é ouvir música, porque ela cobre as conversas e me deixe trabalhar melhor.
Mesmo assim, ela tem razão. Trabalho muito, mas não serve. Tenho momentos maravilhosos, em que escrevo tão bem que, dias depois, nem acredito que eu mesmo escrevi aquilo. Mas, mesmo assim, meu trabalho é ruim.
Deus, como dói ser chamado de incompetente e não ter uma palavra para responder! E não tem nada a ver com a fase atual da minha vida; é o meu jeito, puro e simples.
Até hoje lembro de umas das primeiras postagens do meu primeiro blog - era justamente sobre isso que eu falava, do quando eu invejava as pessoas que conseguiam fazer com competência qualquer coisa - tipo o michael schumaker, que a primeira vez que pegou uma bola de futebol num jogo de artistas se mostrou tão bom quanto qualquer jogador por aí. Conheço várias pessoas assim, e eu não estou entre elas.
Uma vez, uma advogada do escritorio onde eu trabalhava como estagiária veio toda orgulhosa e disse: "o dr. fulano disse que eu era de uma eficiência irritante!" Cara, o que eu não daria para ouvir uma coisa dessas! Mas o que eu ouço é "desculpe ser tão franca, mas isso não tem outro nome a não ser incompetência".
A verdade é que eu queria ser bom em alguma coisa. Não me importaria de não ter vida social se fosse um bom profissional, por exemplo - aquele nerd de caricatura que não tem amigos mas monta um acelerador de partículas no quintal. Só que eu não sou uma coisa nem outra - não passo de um incompetente certificado, agora. E isso dói.
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