Na quinta-feira, ainda era um dia em que eu estava irritantemente feliz.
Eu corrigi uma petição de uma das advogadas e ela disse que tinha ficado bem melhor. "Também, faz 200 anos que você faz petições", ela disse.
"Obrigado por me chamar de velho", eu respondi brincando. Todos rimos.
Depois, contei a historia para a sócia do escritorio, que também riu. Então, ela contou que quando eu fiquei fora por causa da minha doença, uma outra advogada disse que eu fazia falta. "Sabe aqueles tios velhos e chatos que a gente acaba se acostumando e sente falta quando não tá por perto?"
Aquilo me machucou mais do que eu quero admitir. Nunca me vi desse jeito; não achava que me viam desse jeito.
Queria ser alguém de quem nas pessoas gostassem sem ter que fazer esforço. Queria ser um primo legal, não um tio chato. Acho que isso explica porque eu acabo sozinho no fim das contas.
Por causa disso, junto com o insucesso das coisas com a menina da festa, na sexta eu fiquei quieto o dia todo. Passei o dia com fones de ouvido, sem dizer uma palavra. É esse tipo de coisa que faz eu ter fama de bipolar no escritorio.
"Dr., porque você tá chateado? Aconteceu alguma coisa?", perguntam.
Eu só não respondo.
E as engrenagens do tempo voltam a girar nos mesmos dentes.
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