Um dos remédios que eu tomava é um antidepressivo; a função dele não era a usual, mas sim diminuir o amortecimento das mãos. Eu estava usando desde novembro. Há um mês reduzi a dose, e desde ontem parei completamente, tudo por recomendação e sob o controle do médico. Mesmo assim, estou sentindo muito os efeitos colaterais: tontura, amortecimento no rosto, cansaço. E também tristeza, que não sei até que ponto é por causa do remédio.
Nos últimos dois meses, tive um crescimento profissional assombroso. Consegui me organizar de um jeito muito bom... estava como era no melhor período no meu escritório anterior. Consigo tratar dos meus e-mails, antecipar meus prazos, limpar minha mesa e não deixar trabalho acumulado, pensar em soluções novas, controlar o trabalho dos outros, mesmo fazer tarefas além do comum. Minha chefe me elogiou várias vezes, e eu sei que era sincero, porque eu sinto que mudei. Mas hoje eu tenho um medo: e se, sem o remédio, eu não conseguir mais? E se fosse só a combinação de melhora pessoal com ajuda química que me deixasse assim?
Nos últimos tempos, trabalhar era a minha única alegria, porque eu conseguia dominar totalmente o que eu fazia, e estava fazendo bem não só a parte jurídica, mas todo o resto. E hoje eu senti medo de perder isso.
Também passei a sentir uma tristeza tremenda, especialmente por me sentir muito só. Como disse, não sei até que ponto isso é por causa da falta do remédio... pode ser só aquela minha velha tristeza mesmo. Some a isso o fato de que tenho percebido o quanto ainda gosto da moça do escritório, e o número de vezes que cruzo com ela todos os dias, e o resultado é particularmente doloroso.
Eu sei que tá tudo misturado nest post. Mas eu tenho a impressão de que todos os fios da minha vida estão interligados...
Nos últimos tempos, tenho lido muita literatura de qualidade. Filosofia. Clássicos. Crítica Literária. E minha cabeça fica girando com tudo o que leio, com o que vejo. Como o personagem de Fahrenheit 451, eu me sinto totalmente sozinho. Eu sinto como se eu conseguisse enxergar as coisas, enquanto ninguém à minha volta vê um palmo na frente do nariz.... a exceção são uns raríssimos amigos, e a maioria deles é 'virtual'.
Por exemplo: boa parte do escritório vai ver os jogos da copa do mundo em um bar famoso daqui (inclusive a moça do escritório). Três horas depois do fim do jogo, todos já atualizaram o orkut com as fotos da festa; em cinco horas, as fotos já estão cheias de comentários uns dos outros. Quanto mais eu olho, mais feliz eu fico por não ter ido; mais feliz eu fico por ser sozinho, mais feliz eu fico por perceber que sou diferente.
Só queria que ser sozinho não doesse tanto.
quarta-feira, 30 de junho de 2010
quinta-feira, 24 de junho de 2010
Meu pai
Meu pai passou mal esses dias. O Parkinson está evoluindo e agora ele passou a usar fraldas. Tenho, ao mesmo tempo, pena e medo...
terça-feira, 22 de junho de 2010
Finalmente de Volta
Fiquei fora esse tempo todo porque meu computador estava quebrado.
Nesse meio tempo, as coisas continuaram meio que como antes. No trabalho as coisas melhoraram um pouco, acho que aos poucos estou me acertando com o que eu faço... depois de dois anos, era mais do que na hora.
Nesse meio tempo, as coisas continuaram meio que como antes. No trabalho as coisas melhoraram um pouco, acho que aos poucos estou me acertando com o que eu faço... depois de dois anos, era mais do que na hora.
Assinar:
Postagens (Atom)